Ciberativismo Feminista
Campanha sobre o Feminismo
Ciberativismo Feminista
Desde meados da década de 1980 e, especialmente da década de 1990 em diante, já se falava no impacto da internet no movimento feminista, responsável pela emergência de um ciberativismo feminista, ou seja, um ativismo feminista por meio da web.
A obra “Manifesto Ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX”, da filósofa Donna Haraway, publicada em 1985, já apontava para a crise dos movimentos sociais enquanto potência de agregação e difusão de identidades e destacava a internet como uma nova forma de expressão e reconhecimento destas.
Para a autora, então, face a um enfraquecimento dos movimentos sociais tradicionais, a internet estava se tornando uma nova forma de difusão de valores caros à luta social, como as identidades de gênero e raciais, por exemplo.
O potencial da web, apontado pela autora, pôde ser verificado com o ciberfeminismo se espalhando pelo mundo nos anos seguintes, inclusive na forma da I Internacional Ciberfeminista, realizada na Alemanha em 1997.
No Brasil, este movimento começou a ser visualizado também a partir dos anos 1990 com a chegada da internet no país, de forma que organizações, especialmente ONGs e órgãos públicos, passaram a também fazer uso da ferramenta como forma de articulação. Contudo, vale destacar que foi apenas a partir dos anos 2000, com a popularização da internet e a chegada da conexão banda larga aos lares brasileiros, que o que entendemos hoje como ciberfeminismo começou a criar suas bases no país.
Com a popularização da internet e sua ocupação por feministas, ocorreu a massificação do debate acerca das ideias do movimento, o que contribuiu para um fortalecimento da identidade feminista. Isto porque tornou possível que mulheres de diferentes origens, classes sociais, raças/etnias e religiões pudessem conhecer e se reconhecer nas pautas defendidas pelo movimento. Assim, como explica a autora Zeila Aparecida Dutra, a partir deste processo foi possível uma difusão do movimento e a desconstrução de estereótipos negativos acerca das feministas.
Sendo assim, o ciberativismo feminista é fruto da tomada das redes sociais por jovens militantes que já cresceram em meio às inovações digitais e as dominam (PEREZ; RICOLDI, 2019, p. 9) .
Neste sentido, as redes sociais na internet, que se popularizaram no Brasil a partir dos anos 2010, potencializaram a importância da internet para o ciberfeminismo, tornando-se mais do que meio de articulação de feministas que já se identificavam com a causa antes das redes, mas criando uma forma completamente nova de atuação e consolidação do movimento.
Fonte: Politize